[Resenha/Filme] Looper: Assassinos do futuro

Título original: Looper

Ano: 2012

Diretor: Rian Johnson

Tempo de filme: 119 min.

Looper é um filme com uma temática que pode levar ao fracasso facilmente: viagem no tempo. Mexer com passado, presente e futuro, construindo teias intrincadas de ações que modificam diferentes linhas do tempo pode ser algo catastrófico se não for bem trabalhado e construído, além de poder deixar o filme facilmente confuso desnecessariamente. E não entender o filme não significa essencialmente que isso o transforma em bom e o espectador em burro. Felizmente não é o caso de Looper (esqueçamos do subtítulo brasileiro “assassinos do futuro”, por favor).

O filme estrelado por Joseph Gordon-Levitt e Bruce Willis, que conduzem muito bem toda a teia de ações e reações entre passado e futuro. Looper se passa em um futuro próximo, na década de 40 do século XXI, onde pistoleiros são contratados para matar alvos de mafiosos que se encontram 30 anos à frente, onde a viagem no tempo já foi inventada.

O problema é que quando os poderosos da década de 70 do século XXI decidem encerrar um contrato, eles simplesmente mandam o pistoleiro do futuro para o do passado, o que significa que seu contrato encerrou, e ao mesmo tempo é iniciada uma contagem regressiva de 30 anos até que o fatídico dia de sua morte e viagem ao passado chega. Isso é interessante e claramente traz problemas: Joe (Gordon-Levitt) acaba deixando Joe do futuro (Willis) escapar e tem aí o início a uma caçada para finalizá-lo, pois suas ações no presente podem mexer no futuro consideravelmente. E daí toda uma cadeia de acontecimentos vai acontecendo, e qualquer coisa a mais que eu disser poderá ser um spoiler.

Joseph Gordon-Levitt e Bruce Willis

O filme é conduzido de forma muito boa e fluída, deixando o espectador ávido para ver a próxima cena, descobrir o próximo desdobramento, apesar de algumas coisas serem um tanto óbvias. O filme também apostou em fenômenos paranormais, e isso eu achei simplesmente desnecessário: o filme seria até melhor sem isso, não vi muita relevância em seres humanos com telecinese, mesmo com um personagem relevante para o enredo do filme possuir tais poderes… outro caminho poderia ter sido tomado, e teria sido um filme mais coerente. Mas bem, viagem no tempo já é algo incoerente, então uma telecinese a mais e outra a menos não vai desmerecer o filme.

A atuação de Joseph Gordon-Levitt é muito boa, esse cara surpreende a cada filme que assisto com ele, e eu devo dizer que consegue superar o gigante Bruce Willis (que também faz uma boa performance como o Joe do futuro, mais paranoico e implacável). O interessante dos dois é que são a mesma pessoa, porém personagens completamente diferentes. Em um filme comum de viagem no tempo, o eu futuro e o eu presente se encontrariam e se ajudariam, pois encontrariam semelhanças, mas em Looper isso toma proporções totalmente diferentes: Willis detesta seu eu do passado, enquanto Gordon-Levitt odeia o que seu eu futuro se tornou. Uma aposta interessante e que vai permear todo o filme de forma brilhante.

Looper apresenta boas questões morais e traz uns conceitos bacanas, é um filme de ação com uma mensagem a passar, de sacrifício e família. Há até um pouco de drama dentro dele, deixando-o além do escopo de filmes cheios de tiro e testosterona comuns. A trilha sonora até que poderia ser mais marcante, mas ela se faz presente e é até mesmo grandiosa em certos momentos.

Definitivamente um filme excelente, que todos os fãs de ação e ficção científica deveriam assistir. Mas não espere um conteúdo altamente cheio de física quântica quanto Donnie Darko. Espere um filme com bastante ação e fugas, porém com um interessante conceito de viagem no tempo.

Nota: 4 estrelas (em um total de 5)